Afinal aquele sorriso paternal, meigo, quase amoroso, escondia um jogo do "quem engana mais", tão habitual que me esqueci de que podia acontecer ali, naquele momento, enquanto ambos olhávamos para a fotografia da criança. O seu tom de pele já lhe tinha trazido muitos dissabores, por isso tentaria poupar a sua filha das marcas que ele próprio carregava desde muito cedo. Estava decidido a contornar este e outros obstáculos, faria tudo o que fosse necessário, "com toda a franqueza." Cedo omitiu, dobrou-se, carregou consciências e ódios antigos, engoliu a franqueza, pintou a verdade, empurrou a consciência e sorriu embriagado para a vitória.
Ofereceu-me o lenço e deu-me um abraço. Disse-me que agora a tarefa estava nas minhas mãos, com as suas coladas, como se secretamente orasse. Estremeci de dúvida: enquanto me desejava felicidades, senti o aperto da incerteza e o amargo do desconforto, tendo o lenço como prova do mistério que ronda os nossos dias.
| “AS PESSOAS TÊM SEMPRE SEGREDOS. É UMA QUESTÃO DE OS DESCOBRIR” O jornalista de economia MIKAEL BLOMKVIST precisa de uma pausa. Acabou de ser julgado por difamação ao financeiro HANS-ERIK WENNERSTÖM e condenado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporariamente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de uma missão invulgar. HENRIK VANGER, em tempos um dos mais importantes industriais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família Vanger. Mas é óbvio que a história da família é apenas uma capa para a verdadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de Vanger, que desapareceu sem deixar rasto há quase quarenta anos. Algo que Henrik Vanger nunca pôde esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda da jovem LISBETH SALANDER. Uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hacker de excepção. Juntos, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander mergulham no passado profundo da família Vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar. |