Tesourinhos III
A candidatura presidencial de Fernando Nobre reconheceu hoje o “atraso de um mês” de renda da sede, em Lisboa, cujo pagamento afirma estar a ser negociado com o senhorio, a quem acusa de promover “um ataque gratuito” contra o candidato. Senhorio diz que atraso é de seis meses.
Soneto quase inédito
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola
,Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só!
- por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio
Na data esperada, à hora esperada e no local esperado, Cavaco Silva fez o anúncio esperado da sua recandidatura. O palco de ontem era familiar: em 2005, Cavaco tinha estado na mesma sala, à mesma hora, para anunciar a sua candidatura às presidenciais do ano seguinte. Quanto ao discurso, desta feita foi mais longo, mas também familiar. Tal como em 2005, Cavaco enfatizou a imagem que construiu ao longo dos anos, relembrando a sua experiência e conhecimento, posicionando-se acima dos partidos. A visão do papel do Presidente também se manteve constante. Apesar dos apelos cada vez mais insistentes por uma maior presidencialização, Cavaco mostrou-se indisponível para governar. Aliás, a preocupação em explicar os limites da presidência foi evidente ao longo do discurso – sinal de que Cavaco compreende o risco que a actual crise pode acarretar para si também.
Picou-se nele. O alfinete pontiagudo, rosa, aberto, solto junto ao espelho da cómoda. Distraída, fugiu da dor, pingando grossas, espessas, gotas vermelhas, misturadas com o pó de arroz que tinha acabado de pôr no rosto.
Não olhou para si. Apenas pensou no que fazer a seguir. Deitou-se na cama, apagou a luz e observou o tecto do quarto. Pintas brancas fingidas, num largo céu azul, multiplicavam-se num jogo de faz de conta. Tudo tinha sido pensado para que a noite, ou noites, fluíssem numa atmosfera romântica.
Levantou-se da cama e tentou atingir aquele tecto etéreo. Queria tocar o azul e misturar aquele puro branco com o vermelho sangue dos seus dedos.
Afinal a vida não era isso mesmo?
Anunciou: namoro com uma cabeleireira.
Sabes o que ela tem de especial? Sabe fazer aquilo muito bem. Encanta-me vê-la dedicada ao cabelo de outros. Acaricia e trata o outro, sem se comprometer. Ao fazê-lo apenas cumpre a sua obrigação. É feliz.
Ao contrário, nós fazemos um pouco de tudo, sem preparação ou talvez vocação para uma única coisa. Imaginas-te a fazer os mesmos gestos, com os mesmos instrumentos, dias e dias sem conta? Duvido.
A culpa disto é do sistema de ensino. Castra-nos quando jovens e banaliza-nos. Nunca ninguém me disse que eu seria um homem de sucesso se fizesse bem uma única coisa. O sistema engana-nos.
"Caros educandos,
P`la Ministra