O terror lá fora
Hoje de manhã, enquanto atravessava bem cedo, de carro, o Terreiro do Paço, vi aquele rio agitado, os cacilheiros confundidos com o azul escuro do céu, ao longe, as pessoas à espera do elevador de acesso ao metro, a chuva a irritar os apressados e os contemplativos, os carros a derrapar pelas estradas encharcadas, o relógio que não parava, o sábado que não chegava com a promessa de um dia suplementar e optei por desligar o rádio. Falava-se do terror na Índia, da violência gratuita disfarçada de uma qualquer causa religiosa baseada na intolerância. Optei por desligar aquele jogo para computador, onde um qualquer pode metralhar o próximo, porque sim. Apenas porque o destino o colocou ali. Desliguei e entreguei-me ao pacificador som dos cacilheiros e à brisa do Tejo.