Num café junto ao rio, um homem recebe familiares, amigos e conhecidos. Dá conselhos, corrige actas, repreende o irmão. Ambos já têm mais de setenta anos. O irmão que chega, cedo se levanta quando o sábio fala de advogados. Comunica que têm de gastar dinheiro e que o condomínio tem de se pronunciar. É tudo quanto oiço.
Já nos cumprimentamos, pois encontro-o sempre lá. Lê actualmente um livro sobre Salazar e transporta consigo o DN. Vira-se de costas para o rio e de frente para a porta, como se esperasse visitas. E tem razão. Não há um dia que não o veja com alguém diferente ou com pessoas que já reconheço de outros encontros.
Atende todos os telefonemas como se estivesse num escritório, fala alto, com autoridade, com alguma surdez.
Este homem irrita-me.