Uma criança e um deserto de afectos
Ontem uma criança esperava na escola por alguém que a fosse buscar. Sentada nas escadas, com a mochila às costas, sorria tentando manter um ar de esperança e confiança. Quando lhe perguntei pelos pais hesitou e construiu uma história quase credível. Já se tinha tentado um contacto com parentes e amigos e ninguém respondia, ou não estavam disponíveis.
Acabei por levar a criança a casa, pois trabalho na escola. Como estariam os afectos desta criança quando uma quase estranha resolve um problema que, certamente, já viveu mais vezes? O que se passa com os pais das nossas crianças? A escola, para alguns, não passa de um depósito.